
Foto: Charles Guerra (arquivo/Diário)
A pré-eclâmpsia é uma das principais causas de mortalidade materna no Brasil. A condição é conhecida por causar aumento da pressão arterial na grávida e sofrimento no bebé em desenvolvimento. Para reduzir esse risco, o Ministério da Saúde publicou a Nota Técnica Conjunta 251/2024, que estabelece a suplementação universal de cálcio para gestantes na Atenção Primária à Saúde (APS).
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A medida, baseada em recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e já prevista no protocolo de atenção ao pré-natal de baixo risco do Ministério da Saúde desde 2012, integra a Rede Alyne, principal estratégia do Sistema Único de Saúde (SUS) para fortalecer o pré-natal e reduzir as desigualdades no cuidado materno e infantil.
Estudos mostram que a suplementação diária de cálcio reduz em até 55% o risco de pré-eclâmpsia.
– A condição pode se manifestar a partir da 20ª semana de gestação e levar a complicações graves, como insuficiência hepática, insuficiência renal, descolamento prematuro de placenta e restrição do crescimento fetal – relembra a coordenadora-geral de Atenção à Saúde das Mulheres do Ministério da Saúde, Renata Reis.
Desde 2011, a OMS recomenda a suplementação de cálcio para gestantes com baixa ingestão do nutriente ou em situações de alto risco para pré-eclâmpsia. No Brasil, dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (2017-2018) apontam que mais de 96% das mulheres adultas consomem menos cálcio do que o recomendado, reforçando a necessidade da oferta universal deste suplemento.
Pré-natal
Criada para enfrentar a mortalidade materna e infantil, a Rede Alyne estrutura ações para um pré-natal seguro, com acesso oportuno e qualificado. A iniciativa prioriza gestantes em situação de vulnerabilidade, focando também na redução das desigualdades raciais no acesso à saúde materna e infantil.
A inclusão da suplementação universal de cálcio na Rede Alyne reforça a importância de um pré-natal completo, acessível e baseado em evidências científicas, para que as gestantes tenham acesso não apenas ao suplemento, mas também a um conjunto de cuidados essenciais. Isso inclui o fortalecimento da nutrição materna, com base nas diretrizes do Guia Alimentar para a População Brasileira.
A distribuição do suplemento de cálcio será feita dentro do planejamento da assistência farmacêutica do SUS, com responsabilidade compartilhada entre Estados, municípios e o Distrito Federal. A implementação da medida será acompanhada pelas equipes da APS, garantindo que as gestantes tenham acesso ao suplemento nas Unidades Básicas de Saúde (UBS).
Como será feita a suplementação no SUS?
A nova diretriz recomenda que todas as gestantes recebam suplementação diária de cálcio, seguindo este protocolo:
- Público – Todas as gestantes atendidas no Sistema Único de Saúde (SUS), com início da suplementação a partir da 12ª semana de gestação até o parto
- Dosagem – Dois comprimidos diários de carbonato de cálcio (1.250 mg, equivalente a 1.000 mg de cálcio elementar)
- A prescrição pode ser feita por médicos, enfermeiros e nutricionistas das equipes da APS
- Cuidados na administração – O suplemento não deve ser ingerido junto com a suplementação de ferro, sendo necessário um intervalo de duas horas entre os suplementos para garantir a absorção adequada de cada um
*com informações do Ministério da Saúde